Na madrugada do sabado - cara de quem ja estava pronta pra ter o baby |
Depois da
triagem, cheguei no quarto onde teria o parto, as 2 e pouco da madrugada do domingo (19 de abril). A dor das contracoes ainda eram intensas e assim que cheguei no quarto pedi pra ter a anestesia. O medo que eu tinha da dor da aplicacao da anestesia foi por
agua a baixo, naquele momento eu topava qualquer coisa pra aliviar a dor. A
enfermeira me avisou que o médico estava numa cesárea mas viria assim que
terminasse.
Sala de parto |
Sem sentir dor a pessoa volta a ser gente, ate retoquei a maquiagem kkkk |
Já é de se
esperar que a anestesia diminua o ritmo do trabalho de parto, então minhas
contrações voltaram ao “normal” de 5 a 6 minutos espaçadas. Nesse momento eu
fui aconselhada pela enfermeira para dormir, tomar suco ou agua já que o
trabalho de parto exige energia – horas depois eu descobriria o quanto...
Eu também
tive soro colocado no braço e tomei antibiótico para proteger o bebe da
bactéria GBS (1/3 das mulheres tem essa bactéria e não tem nenhum problema com
isso, existe um baixo risco pro bebe em alguns cenários e somente para partos
vaginais– mais sobre isso aqui).
Por sinal, o soro na veia foi uma novela pra colocar, fui furada 3 vezes com
aquele “tubo” pq elas não achavam minha veia e ainda tiraram meu sangue em
outro braço pq o fluxo estava muito devagar– hã??? #naogostei
Deixa eu fazer uma pausa pra falar sobre os médicos que me atenderam. Todo o meu pré-natal foi feito com a mesma medica e ela seria a medica que faria meu parto ao não ser em caso de doença dela ou férias. Digo isso pq aqui no Canada a maioria das gravidas é acompanhada por um grupo de médicos da clinica do hospital (7 ou 8 médicos) e o parto é feito pelo médico(a) do grupo que estiver de plantão. Pode mesmo acontecer que seu parto seja feito por aquele que a gestante se identificou mais durante as consultas, ou mesmo aquele que por algum motivo a gestante não conheceu. Mas esse não era meu caso... so que eu entrei em trabalho de parto no dia seguinte que a minha medica entrou de férias :/
Ela já tinha me informado das férias dela, e que a substitutA dela era excelente, que eu não me preocupasse se o baby viesse um pouco antes da hora. Fiquei menos ansiosa ao confirmar que era uma médicA, mas eis que o destino me pregou uma peça. Ao ser admitida no hospital fui informada que a dra substituta estava de folga naquele dia e que um medicO a estava substituindo. Ou seja, meu parto seria com o substituto da substituta hehehe. Mas se você acha que a história dos médicos acabou por aí se enganou, ainda tem mais...
Quando eu fui admitida pra ala de parto foi que conheci o tal medico substituto, muito simpático por sinal, ele se apresentou e foi embora. Só que quando eu pedi a epidural já veio um outro medicO obstetra, também simpático, me informou que ele estava no plantão e me daria as instruções sobre a anestesia mas o outro dr é que faria o parto – imagina que nessa hora no meio da dor eu só queria mandar ele calar a boca e trazer o anestesista, mas claro que fiquei caladinha ne?!
Logo em seguida vem o médico anestesista, me faz o discurso obrigatório dos riscos e possíveis complicações (inclusive me avisa do possível risco de paralisia com a anestesia) e eu aceito os termos do contrato – mais uma vez na minha mente: “tá bom, tá bom, eu aceito, me dá logo esse negócio! ”. Como eu já falei foi super tranquilo a colocação da anestesia e ele foi embora e eu nao o vi mais.
La pras 10
da manhã, fui examinada pelo meu médico substituto e eu continuava com 2 a 2.5cm. Ele me
indicou tomar pitocina – a versão sintética do hormônio do parto: ocitocina. O
protocolo do hospital é começar com pouca dosagem e aumentar de acordo com a necessidade. Nao vi minha dosagem ser aumentada ou se era automatico na bombinha, pois quando o médico
voltou para me ver 4 horas depois eu já estava com 8cm, e a sugestão dele foi
de estourar a bolsa.
Quando ele
se preparou para estourar, a bolsa rompeu sozinha. Não senti jorrar agua, mas
senti a agua escorrendo e foi quando a enfermeira me avisou que em breve eu
sentiria vontade de fazer #2 e que isso significava que seria a hora do bebe
chegar e empurrar.
Em menos de
1 hora, talvez 30min apenas, eu senti a tal
vontade de ir no banheiro. Avisei a enfermeira e ela ao fazer o exame constatou
10cm de dilatação. Eu fiquei muito feliz nessa hora, pq era a hora do baby e eu
não estava sentindo nenhuma dor.
Só que nesse momento em que ela preparava a
sala e a minha cama – a mesma cama que eu estava foi convertida em cama de parto com os apoios para
as pernas e abaixando a parte de baixo – foi colocada outra bolsa de
antibiótico no meu braço que ardeu bastante e eu acabei perdendo meu foco.
As contrações se espaçaram novamente e não sei se por isso, mas a minha fase de
empurrar acabou sendo muito longa.
Enquanto eu me agoniava com a dor do antibiótico entrando na veia, as 2 enfermeiras que me acompanhavam durante toda a minha “estadia” preparam a sala e chegou uma instrumentista
- os médicos só viriam na hora do bebe sair. Minhas pernas foram colocadas nos apoios e elas me explicaram como era a forma correta de empurrar: não fazer
força na perna ou barriga e sim como #2 no banheiro. E a cada contração tentaríamos
3 ou 4 empurrões.
Como se diz
“fácil falar, difícil fazer”. As contracoes voltaram a ser bem proximas uma da outra e comecei a empurrar, eu mesma segurando minhas
pernas pra junto de mim com Luciano ao meu lado me dando apoio moral e as
enfermeiras me guiando na respiração e forca. Pra ser bem sincera eu não lembro
do que me era dito além das enfermeiras guiando os empurrões e em um
determinado momento no auge do meu cansaco lembro de ter pedido pra Luciano ficar quietinho.
Eu comecei
a fazer forca com cada contração – eu sabia quando elas vinham pois sentia uma pressão na barriga mas sem dor ainda. Funcionava assim: respirar fundo, prender o ar e empurrar o
máximo de tempo que eu aguentasse, puxar o ar logo em seguida e fazer essa
rotina 3 vezes por contração. Eu não podia descansar entre os empurrões em uma
mesma contração, pois isso poderia regredir o que o baby ja tinha descido. A parte
ruim desse processo era a ajudinha
que as enfermeiras davam “lá embaixo” pra facilitar pro baby.
Esses
empurrões são exaustivos, bem que todos me avisaram que trabalho de parto eh
trabalho mesmo, dos mais pesado possível no meu caso. Quando as enfermeiras
acharam que estava demorando muito pra descer mais, elas acharam que o baby
estava com a cabeça de lado ao invés de para baixo. Então elas me mudaram de
posição e eu empurrei algumas vezes deitada de lado.
Depois de
quase 2 horas empurrando a cada contração, a cada minuto praticamente fazendo uma forca imensa, eu estava exausta. Eu não tinha forças
sequer pra falar. Nesse momento eu sabia que minhas empurradas já não eram tão
fortes e pedi para fazer uma pausa, o que não é possível uma vez que começa
esse processo. E eu cai no choro. Estava muito cansada e não sabia
mais o que fazer de diferente para ajudar o baby a sair. As enfermeiras foram
ótimas, me motivaram e conversaram comigo para continuar. Busquei o restinho de
energia e forca que tinha em mim e continuamos...
Até que
elas acharam que a cabeça entrou no lugar e houve um certo progresso apesar de
pouco, em parto vaginal é normal o “2 passos pra frente, 1 pra traz” desde que
seja consistente. Chamaram o médico para ele avaliar pois já vinha com mais de
2 horas empurrando e era claro que eu já não estava mais com forças pra continuar por muito tempo.
Com quase
3 horas de “push” o médico chegou na sala, confirmou que a cabeça estava na
posição certa e sugeriu usar o vácuo para ajudar o bebe a sair. Aceitei a
oferta na hora e foi aí que o médico plantonista chegou na sala. Ele explicou
como funciona o instrumento – so que na minha mente: “amigo, mais uma vez, cale a boca! eu já li sobre isso nos
livros, não preciso do seu discurso. Pode colocar o negocio de uma vez! Preciso
descansar e quero ver meu baby”.
E foi aí
que o bicho pegou! Não sei se a anestesia acabou, se desligaram ou se nessa
hora não tem escapatória e vai doer mesmo. Só sei que doeu muito muito mesmo pra colocar o
vácuo no lugar e já em seguida puxar o baby.
Foi tudo muito rápido
e o baby chegou no meu alto grito.
E eu
chorei... bastante! Acho que era o choro da dor, do alivio, do cansaço, da emoção... tudo junto e
misturado.
O médico
segurou ele com o cordão ainda preso na minha frente e pediu pra Luciano dizer
se era menino ou menina. Eu não ouvi o que Luciano falou mas vi apesar das
lagrimas cobrindo meus olhos que era um garotão ali na minha frente que tínhamos
ganhado de presente de Deus: Oliver.
Tudo passou
tão rápido como um flash: Luciano cortou o cordão e Oliver foi imediatamente
colocado no meu colo. Ele deu seu primeiro choro, chorou alto, e as enfermeiras o limparam em cima de mim.
A emoção nesse momento é inexplicável, parece que não é
real o que está acontecendo. O baby agora tinha nome, Oliver, e se mexia em
cima de mim, com bracinhos e rostinho perfeitos. Eu o segurei enquanto chorava
junto com Luciano.
Oliver se
aquietava comigo e eu não prestei mais muita atenção no medico que me dava os
pontos. Somente ouvi que ele falou que a placenta saiu e estava tudo bem. ESTAVA TUDO BEM! era isso que importava, era Oliver nos meus bracos que importava agora e nada mais.
Após alguns
minutinhos Oliver foi levado para pesar, sem sair do nosso quarto, e Luciano
foi junto para conferir quando ele tomou a injeção de vitamina K e o colírio
nos olhos. Ele nasceu grandão com 3.410kg e 47cm e super saudável.
Voltou para
mim e já foi colocado no peito para tentar mamar. Ficamos assim por um tempinho relaxando, esses primeiros momentos eu não quero esquecer. Ver e segurar aquela
vidinha tão perfeita que estava ali me enche de lagrimas até agora. Eu chorava,
ria e tremia.
Ainda hoje não
tenho palavras pra descrever o que senti naqueles instantes. Dizem que nasce uma
mãe com o nascimento do filho e vai ver que eu também chorava pelo meu
nascimento. Tive o filho que por muito tempo acreditei que não teria, tive um
parto vaginal do qual nunca fui ativista ou mesmo profetizei para mim, passei
por cima dos meus medos e das muitas insegurancas associadas a maternidade.
Oliver tao pequenino, mas ja me provou que sou capaz de mais. Posso ir mais
longe, que com a pessoa certa ao meu lado - Luciano - e fe em Deus tudo eh possivel e o resultado eh melhor do que eu poderia esperar, eh lindo e perfeito. Só
posso dizer: “Meu lindo Oliver, obrigada! Obrigada por me tornar mais forte,
mais mulher, mais segura, mais eu... por me tornar mãe.”
Carol essa criaturinha linda ainda vai te mostrar mais ainda do que vc será capaz de fazer por ele, vc, etc....Isso é ser MÃE. Bjs de tia Zilda
ResponderExcluirParabéns Carol!!! Muito legal o blog. E inspirador para os pais e mães de primeira viagem (como eu)... Um grande abraço!!!! (Aqui é Rodrigo, irmão de Carol, a maga, hehehehehe)
ResponderExcluirque lindooooooooooooooooooo!!!
ResponderExcluirFiquei muito emocionada com seu relato, parabéns pela mãe que se tornou